Esses dias participei de um debate sobre o alto número de terminais portuários e empresas do setor querendo investir em equipamentos, eletrificação entre outras ações, mas sem ter o básico: um inventário de suas emissões bem realizado.
Isso é mais comum do que parece! Muitos terminais portuários querem “pular etapas” na agenda de descarbonização, investindo em soluções tecnológicas ou aderindo a iniciativas globais sem nunca terem feito um inventário básico de emissões de CO₂. Algumas curiosidades sobre essa situação:
1. Sem dados, sem métrica, sem problema? – Muitos terminais começam a falar em eletrificação, hidrogênio ou captura de carbono sem sequer saber quanta emissão realmente geram ou quais são suas principais fontes poluidoras. O resultado? Medidas desalinhadas e, às vezes, investimentos pouco eficazes.
2. Compromissos vazios – Alguns terminais anunciam metas de “carbono neutro” para 2030 ou 2040, mas nunca fizeram um inventário de emissões. Como alcançar uma meta sem saber de onde partem?
3. O paradoxo dos equipamentos “verdes” – Um terminal pode comprar guindastes elétricos ou veículos a hidrogênio sem nunca ter medido se suas operações atuais são realmente grandes emissoras. Às vezes, o maior impacto ambiental vem de processos menos óbvios, como consumo energético ineficiente ou a logística de transporte rodoviário conectada ao porto.
4. Soluções mirabolantes sem o básico – Já viu terminal falando em investir em combustíveis alternativos para navios sem sequer ter um plano para reduzir o consumo de diesel nas suas operações? Ou querendo gerar energia renovável sem otimizar o uso energético atual?
5. Relatórios ESG para investidores, mas sem base técnica – Algumas empresas portuárias divulgam relatórios ESG bem elaborados, mas quando se pergunta pelos números reais de emissões, ninguém sabe responder. A sustentabilidade vira mais uma questão de marketing do que de estratégia real.
6. Surpresa na primeira medição – Quando um terminal finalmente decide calcular suas emissões, muitas vezes descobre que a principal fonte de poluição está em um ponto inesperado, como o consumo energético dos armazéns, o tráfego de caminhões ou até mesmo a má gestão de resíduos.
No final, descarbonizar sem medir emissões é como querer perder peso sem nunca subir na balança.
Comments